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Como Identificar e Rebater o Falso Dilema ou da falsa dicotomia

 O Que é a Falácia da Falsa Dicotomia?

A falácia da falsa dicotomia, também conhecida como falso dilema, ocorre quando um argumento reduz uma questão complexa a apenas duas opções opostas, ignorando outras possibilidades viáveis. Essa simplificação leva a conclusões equivocadas, em geral à conclusão que o emissor que que se tenha para usar de forma a manipular discursos políticos, debates e estratégias de persuasão, geralmente por formadores de opinião e “influencer”.

Como a Falsa Dicotomia Funciona?

Vejamos a estrutura básica desta falácia. Ela seguirá o seguinte padrão:

  1. Premissa 1: Ou A é verdadeiro, ou B é verdadeiro.

  2. Premissa 2: B é falso.

  3. Conclusão: Portanto, A deve ser verdadeiro.

O problema é que essa estrutura ignora a possibilidade de C, D ou outras opções intermediárias.

(Parece até com o silogismo disjuntivo! Veja explicação aqui)

Exemplos de Falsa Dicotomia

  • Política: “Ou você apoia o governo, ou você quer a destruição do país.”

  • Cotidiano: “Ou você come apenas alimentos saudáveis, ou você nunca será saudável.”

  • Polarizadoção: Durante os efeitos da polarização política: “Ou você apoia o liberalismo, ou é comunista.” 

A influencia dos vieses cognitivo na construção deste raciocínio enganoso

Vieses cognitivos são uma espécie de atalhos do pensamento, geralmente para encurtar procesos do pensamento para soluções rápidas do dia a dia. Porém, nem sempre estes atalhos levam a melhores conclusões, embora as mais rápidas. A complexidade da vida exige caminhos tortuosos do pensar.

Aqui citarei dois vieses cognitivos que influenciam diretamente a aceitação da falsa dicotomia:

1. Viés da Simplicidade (ou Viés da Redução Cognitiva)

Nosso cérebro prefere explicações simples e diretas, pois processar informações complexas exige mais esforço. 

Geralmente, quem utiliza o falso dilema se aproveita desse viés ao apresentar apenas duas opções, tornando a escolha mais acessível e intuitiva. 

Pessoas tendem a evitar cenários com múltiplas variáveis e incertezas, preferindo decisões binárias, mesmo que distorçam a realidade.

2. Viés de Grupo (ou Viés de Conformidade Social)

Pessoas tendem a alinhar suas opiniões com as do grupo ao qual pertencem para evitar conflitos e reforçar sua identidade social. 

Quem propaga uma falsa dicotomia pode explorar esse viés ao criar um cenário onde “nós” estamos certos e “eles” estão errados. 

Isso leva os indivíduos a ignorar outras alternativas para não parecerem incoerentes ou desleais ao grupo.

Manipuladores que usam a falsa dicotomia compreendem esses vieses e os exploram para tornar a ilusão de apenas duas opções ainda mais convincente.

Quais São os Efeitos e Consequências da Falsa Dicotomia?

A falsa dicotomia tem impacto negativo o pensamento crítico e a argumentação lógica, pois exclui muitas possibilidades plausíveis, melhores, ou alternativas, importantes para o desenvolvimento humano. Suas principais consequências incluem:

  • Polarização: Leva a debates extremos, onde não há espaço para posições intermediárias.

  • Manipulação de opiniões: Pode ser usada para forçar a adesão a uma ideia sem considerar alternativas.

  • Supressão de alternativas: Elimina soluções equilibradas, dificultando o diálogo construtivo.

Como Identificar um Falso Dilema?

Para detectar essa falácia, faça as seguintes perguntas:

  • Existem outras opções além das apresentadas?

  • O argumento apresenta uma visão excessivamente binária onde caberiam alternativas?

  • Há um meio-termo que está sendo ignorado?

Se a resposta for “sim” para qualquer uma dessas perguntas, há uma grande chance de ser uma falsa dicotomia.

Como Refutar e Evitar a Falácia da Falsa Dicotomia?

Duas situações podem ocorrer com relação à utilização de falácias:
  1. Ou você está criando um “argumento falacioso”, que pode ser:
    • conscientemente ou
    • inconscientemente;
  2. Ou você está caindo em um argumento falacioso, e neste caso, é bem provável que não o perceba diretamente.
Desta forma, temos que refutar, quando caímos em uma, ou evitar, quando vemos que nosso argumento foi por este caminho.

Refutando um Falso Dilema

  • Apontar alternativas ignoradas: Este passo é bem óbvio e certamente é aplicável não apenas nesta valácia, mas em muitas outras. Para este caso, basta afirmar: “Na verdade, existem outras possibilidades além dessas duas.”

  • Questionar a premissa binária: “Por que só essas duas opções foram consideradas?” Embora possa parecer que sempre há mais de duas possibilidades, é possível, mesmo que raramente, ter questões de apenas duas alternativas, como ligado/desligado, vico/morto (a menos que esteja em um episódio de The Walking Dead), aprovado/resprovado (dependendo do sistema). Veja que neste quesito é possível que dependendo do contexto as alternativas sejam alargadas, por exemplo, atualmente alguém posse ser “aprovado” com pendências, ou diminuídos, por exemplo, em um modelo de descrição do mundo, pode-se excluir deliberadamente as alternativas criando apenas duas possíveis,

  • Sugerir um meio-termo: “E se encontrarmos um equilíbrio entre essas posições?” É possível criar este meio termo em situações específicas, sem cair no erro de este meio termo favorecer uma das duas alternativas, ou seja, algumas vezes o meio termo é apenas uma forma de manter duas alternativas, onde o meio termo favorece a uma. 

Como Evitar Cometer Essa Falácia

  • Explore diferentes perspectivas antes de formular um argumento. Lembre-se que na maioria das vezes há alternativas.

  • Evite declarações absolutistas como “ou isso, ou aquilo”. Opte por “tanto quanto possível”, “atá onde pude observar”, “dentro de certas limitações”, “olhando por este modelo”…

  • Incentive o pensamento crítico ao apresentar múltiplas soluções para um problema. Neste ponto é importante que muitas alternativas, embora deixem as soluções mais complexas, estimulam o pensamento por novos caminho.

Nem todo argumento que visa criar dualidade é falacioso, alguns exercícios mentais e algumas estruturas de pensamento permitem que a visão dualista da vida gerem reflexões profundas sobre a vida e a sociedade. É o caso do raciocínio por contrários. 

 O raciocínio por contrários é uma estratégia argumentativa clássica identificada por Aristóteles, onde a compreensão de um conceito se dá pela análise de seu oposto. 

Se algo é verdadeiro, podemos investigar sua negação para avaliar a validade do argumento.

 Esse método não apenas amplia nossa visão sobre um tema, mas também nos ajuda a evitar armadilhas cognitivas, como a falácia da falsa dicotomia, que reduz uma questão a apenas duas opções excludentes.


Se você deseja aprimorar sua argumentação e evitar falácias lógicas, continue acompanhando meu conteúdo!

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